Sunday, July 11, 2010

Aventuras na terra do Cebolinha

Oi, pessoal, eu estarei viajando a partir do dia 13 de julho voltando três de Agosto e não sei se poderei acessar ao blog nesse período. Nesse meio tempo vou deixar aqui uma historinha real de minhas viagens para vocês se divertirem:

Outubro 1998

De tanto viajar ao exterior, de vez em quando se chega a algum lugar exótico. Desta vez superou minhas aventuras no Oriente Médio; é que eu estive em Bangkok na Tailândia.

A chegada é em um aeroporto normal como todos os outros, porém recheado de funcionários sorridentes e felizes com a chegada de mais Dólares ao país. Porém, isso é tudo o que o viajante terá de familiar, pois daí em diante estará realmente no exterior; algo como nas luas de Marte ou em algum povoado em outro planeta. Tudo é diferente e muitas vezes exatamente ao contrário das nossas coisas. Os carros andam no lado errado da rua (como na Inglaterra), o que faz com que atravessar seja um grande risco porque, como a gente sempre olha do lado certo, lá esse lado passa a ser o errado e nessa confusão, depois que se olha para todos os lados até se certificar de que não vêm mais veículos, o sinal na esquina abre e tem que se começar tudo de novo. Além dos carros, ônibus e caminhões, tem os Tuk Tuk que são triciclos motorizados e as motos em pleno processo de decolagem para o espaço sideral. Essas motos nunca ficam na fila e assim serpenteiam pelos carros parados (algo como em São Paulo só que bem mais rápido)

O calor é insuportável e devido à alta umidade, num instante molha-se a camisa – isso sem falar na grande poluição que a deixa marrom. Para não ficar preso nos constantes engarrafamentos, eu, nos momentos de folga, andei de moto-taxi. Foi ótimo, sendo que os únicos problemas eram manter o equilíbrio sem agarrar na cintura do motoqueiro (não tem onde segurar) e desviar os joelhos dos retrovisores dos carros. Aliás, decidi passar a usar os motoqueiros depois que descobri o tamanho das quadras.

É o seguinte: as ruas que cortam as avenidas chamam-se Sói e são numeradas. Beleza pensei, impossível se perder! Pode-se programar uma caminhada curta sem problemas… No ato mereci o troféu burrinense de gringo, com direito a bermudão até as canelas, camisa de florzinha de cores berrantes que não combinam, sapatos de verniz e meia branca ¾. Como estava na Sói 43 resolvi caminhar até a Sói 47. Achei ridículo tomar um táxi para percorrer quatro quadras e assim comecei a andar. Duas horas depois, camisa colada ao corpo, estava chegando à Sói 46, isso depois de muitos quilômetros (pelo menos senti que era isso tudo) e de topar com muitos cruzamentos inesperados. É que entre cada uma das Sói tem um montão de pequenas ruelas e passagens que, como não tem nome, não constam do mapa… Mas isso não é tudo; o verdadeiro problema é procurar se orientar estudando as ruas que estão indicadas no mapa e depois encontrá-las na realidade. Entenda-se; se você está no Abacaxignaquistão e procura uma rua chamada wuhtxksjr, no momento que topar com uma placa escrita wuhtxksjr sabe-se que chegou ao destino, não importando como se lê o tal nome, nem o que significa. Agora, se o incauto viajante está em Bangkok e procura a rua Suriwong street conforme escrito bonitinho em inglês no mapa, olhando a seu redor vê que está no número iasd da rua fghjk que fica perto da zcvb e que a tal da Suriwong certamente estará escrita na placa como cwigj. Talvez por isso muita gente não volta mais e acaba ficando por lá o resto da vida; nunca mais acha o caminho de volta. Por isso o que eu fazia para orientar os motoqueiros para onde queria chegar era ir contando o numero de ruas percorridas e conferindo no mapa para ver se estávamos chegando ao destino, já que pelo nome era impossível. Passei a sofrer a síndrome de total analfabeto.

A comunicação verbal é outro grande desafio. Ao ser recebido no hotel pela recepcionista bilíngüe em Inglês com um belo “guh auftelnúhh, see; ha awl iú, see, naah?” (good afternoon, sir; how are you, sir, né?) me dei conta de que teria grandes problemas pela frente.
Além de pronunciarem de uma forma totalmente inusitada eles trocam várias consoantes e omitem a ultima letra da palavra se ela tiver a má sorte de terminar em consoante. Eu procurava pensar de quantas maneiras se pode pronunciar errada cada palavra, trocava as consoantes e procurava adivinhar o sentido do que se estava tentando dizer.

Um dia ao voltar para o quarto encontrei a arrumadeira; ela me cumprimentou dizendo alguma coisa ininteligível e, a seguir, olhando para fora me disse “lênin naah, ná naah?” Na hora me deu um branco e fiquei olhando apatetado para ela durante alguns instantes pensando em como responder sem dar a entender como eu achei a qualidade de seu inglês quando tive a inspiração de olhar para fora: estava chovendo! Ocorreu-me que seria isso o que ela tinha dito, ou seja: It’s raining now! Que em Tailandês se transforma em (it’s – palavra omitida) lênin (troca o R por L e corta o G) naah (né?) ná (now - agora) naah? (né, de novo). Sim, respondi, agora está chovendo (yes! It is raining now!); e ela ficou feliz porque eu havia entendido.

Ia me esquecendo de dizer que R se pronuncia L (é a terra do Cebolinha do Maurício; todos falam como ele; uma glacinha…). Além disso o J vira D, o G vira C e no fim da frase ou no meio dela intercalam o inevitável “naah” que é o equivalente ao “né” japonês. Aliás não sei porque quando escrevem os nomes na grafia ocidental eles colocam os R, porque se você os lê dessa forma ninguém entende. Um dia pedi ao táxi para ir à rua Rama Four e ele ficou me olhando até que repeti que queria ir a rua Lama Fó… Fui correspondido com um largo sorriso e cheguei onde queria.

Como na língua deles não existe o plural, presente, passado, gênero, artigos, etc., tudo vai de acordo com a entonação, assim a nossa gramática precisa ser adaptada ao novo sistema e se transforma como se observa a seguir:

A arrumadeira ficou tão contente em conseguir um interlocutor que começou a gastar seu inglês. Quando perguntou o meu nome disse algo como “uó mai nêmi iú, naah?” ou seja, “what (is) my name you né? (qual o meu nome seu, né?). Para se decifrar a charada é preciso se lembrar de que os verbos não se conjugam nem existem pronomes possessivos na segunda pessoa e por isso eles perguntam” qual o meu nome seu, qual a minha casa sua, etc.). O plural é muito interessante, pois se obtém repetindo-se a palavra; ou seja, laranja = uma laranja; laranja laranja = várias laranjas. Um dia quando perguntei se uma determinada rua ficava longe e me responderam walk walk walk walk (uóqui, uóqui, uóqui, uóqui) desisti de caminhar e tomei um táxi.
Tem coisas que soam engraçadas; depois de algum tempo descobri que “sicalétis” não era chicletes nem chocolates, mas sim cigarettes. A propósito chocolates são pronunciados como “sicalátis” bastando mudar uma vogal. Claro, quem que não sabe uma coisa tão simples, não é?

Fiquei quase uma hora conversando com ela e assim enquanto treinava em decifrar charadas acabei sabendo um pouco sobre ela, sua família, seus problemas e de que queria trabalhar para mim por US$50.00 por mês. Quando queria se referir a si própria dizia “ái, naah” (I, naah – eu, né). Seu nome é Sukanya Sawangboontham (tá bem, vocês não precisam ficar olhando para mim desse jeito; é claro que não entendi; eu li em seu crachá…), mas na hora fiquei olhando com um ar de imbecil até que ela se apressou a dizer que o seu apelido era “Díu” e escreveu num papel para eu aprender “Jiu”. Eu li e repeti “Jíu”, ela então me corrigiu “ái Díu, naah” eu então desisti e disse “está bem, fica sendo Díu como você quer, tá bom?”
Ela me contou que tem um “tuél ía ôdi” (twelve years old - doze anos – subentendido criança), mas fiquei sem saber o sexo da criança porque a palavra para masculino e feminino é idêntica e se pronuncia igual só que num caso o som vai crescendo e no outro decrescendo e eu não sabia qual era qual. Conversamos longamente e no final dessa maratona eu já estava conseguindo entender melhor o que essa gente diz. Aí estão alguns exemplos para vocês decifrarem:

1) 1) ái lái iú 2) no dink biá 3) lun fó lent 4) Líu di Danêlu 5) aah bug 6) flá siken 7) flênci flas
2) Tradução: 1) I like you 2) no drink beer 3)room for rent 4) Rio de Janeiro 5) hamburguer 6) fried chicken 7) french fries
3) Ou: 1) eu gosto de você 2) não bebo cerveja 3)quarto para alugar 4) Rio de Janeiro 5) hamburger 6) frango frito 7) batata frita

Por falar em comida, aquilo por lá é um desastre. As coisas que se vendem (e se cozinham) nas calçadas são indescritíveis – e nem vou tentar descrever, para não perder o apetite. Batem longe essas coisas horríveis do Brasil como os restos de porco da feijoada, carne seca, rabada e outros. Basta dizer que, no bar, como tira gosto, veio um prato de algo que a princípio pareciam camarões pequenos torrados com casca, cabeça, pernas e tudo. Achou ruim? Pois é pior do que se pode pensar. Como a cor era marrom, achei estranho para camarões e, ao olhar de perto vi que eram gafanhotos… Até peixe frito no espetinho eles conseguem preparar de um jeito que não dá para comer; o aspecto é de sair correndo pedindo a Deus por um hambúrguer – mas que seja de carne de vaca ou similar (lá só tem búfalo). Aliás, quando eu saía à noite e a fome apertava era só passar perto dessas barraquinhas para perder a fome e eu então não comia mais pelas próximas 6 horas. Porém teve suas compensações. Em termos de frutas têm quase todas as do Brasil, fora as outras de lá. Comi fruta do conde, mamão, goiaba, melancia, abacaxi, etc., etc. Preços? Bem, três frutas do conde = US$2,00; um bom pedaço de melancia gelada = US$0,25, goiaba do tamanho de duas laranjas = US$0,10 tudo super barato. Outras coisas: água de coco, mandioca, sopas de verduras, macarrão (que, como se sabe é invenção dos chineses e não dos italianos) e muita coisa do mar.

Um dia tive um ataque de fraqueza mental e decidi ir a uma casa de massagem do pé. Trata-se de massagem por reflexos onde cada parte do pé, sola, dedos e dorso, quando estimulada, atua em determinados órgãos do corpo. Isso é tanto verdade que conforme o ponto estimulado eu sentia o reflexo no meu corpo. Essa é uma prática oriental e como eu estava no lugar certo, decidi experimentar.

A experiência é inesquecível! Após lavagem com água morna e um relaxamento inicial (talvez para distrair o cliente do que vem por aí) começou a tortura. A menina primeiro tentou desmontar meu pé e se esforçou para mudar a posição de todos os meus ossos. Depois tentou arrancar os dedos. Como não conseguiu nem uma coisa nem outra, pegou um pedaço de madeira na forma de uma caneta grossa, sem ponta, e me espetou com força em uma porção de pontos na sola do pé e dedos, sempre tentando atravessar de um lado para o outro… (achei que se ela usasse uma faca ficaria mais fácil e menos doloroso…) De tempos em tempos ela riscava a sola do pé de cima a baixo – nessa hora, quem tem cócegas garanto que pula – e depois apertou tanto o calcanhar que acho que ficou um pedaço dele por lá. Doeu pra caramba, mas não podia gritar, pois havia outros clientes na sala que estavam se esforçando como eu para calar a boca e sacanear os futuros clientes que não sabiam onde estavam se metendo. Havia até uns que ficavam sorrindo; uns sádicos esses! A sessão dos pés durou uma hora, e no final ela pegou dois martelos de borracha e ficou me martelando a sola dos pés e os lados, com certeza para colocar os ossos de volta no lugar. Acontece que enquanto se passa por tudo isso em um pé, como a gente não sabe, fica tudo por conta da surpresa e quando acaba é um alívio; o grande problema é que quando ela agarra o outro pé você já sabe o que espera e aí vem o sofrimento por antecipação; oh não, vai começar tudo de novo! No final, a grande piada é que depois disso tudo eles esperam que o cliente saia andando como entrou; eles deviam é providenciar uma cadeira de rodas para cada um… Faltou ainda dizer que houve massagem complementar das costas, ombros, pescoço, braços e mão; ou seja, ficou tudo revirado e fora do lugar. Até a orelha me puxaram, mas no final consegui achar o caminho da rua. Até já marquei a próxima sessão: para daqui a dez anos. Preço de tudo? US$9,00 incluída a gorjeta, por uma hora e meia de sessão. Uma bagatela! Agora já sou capaz de caminhar descalço sobre pregos, cacos de vidro e brasas; estou me iniciando como faquir.

Fui depois a uma cidade do litoral chamada Pataiá. Disseram-me para pegar um táxi. Depois de um tempão e nada de táxi, descobri o truque. Lá os táxis são uma espécie de caminhonete coberta que você compartilha com outras pessoas, como se fossem ônibus. Deve estar escrito táxi junto com uma porção de outras coisas, mas nada que a gente consiga decifrar – inclusive o preço. Tem até campainha para dar sinal para descer. Preço médio das corridas: US$0,25
Uma coisa que me chamou a atenção foi a presença das esposas na frente, ao lado dos motoristas. Elas fazem companhia e ajudam na cobrança das corridas. Aliás, vi que isso é muito comum. Um dia troquei os saltos de um par de sapatos em um sapateiro ambulante que trabalhava na calçada junto com a mulher. Cada um fazia uma parte; Preço: US$4,00.

Nessa cidade havia muito turista europeu e como sempre aqueles tipos que não tem a menor noção do que vestir numa cidade de praia: shorts amarelo daqueles de salto em distancia em olimpíadas (abertos nos lados até a cintura), camisa de manga comprida de florzinha, sapatos de verniz pretos e meias pretas três quartos. Uma gracinha. E também aqueles completamente alucinados: careca com rabo de cavalo até a cintura; tatuagem em toda parte, até no topo da cabeça; argolas em tudo quanto é lugar, nariz, sobrancelha, boca, e talvez no cérebro; em suma, um zôo. Como dizem os locais, muito “falângui” ou foreigners por toda parte.

Foi uma experiência fascinante e gostei muito de conhecer essa parte do mundo.

Sunday, July 4, 2010

BENVINDA ARDI






















Estamos dando as boas vindas a Ardipithecus Ramidus (Ardi para os amigos), uma ilustre senhora que viveu há 4,4 milhões de anos atrás e portanto uma ancestral do ser humano moderno. Ela é mais antiga que a famosa menina Lucy (Australopitechus Afarensis) encontrada em 1974, que possui características humanas e viveu há 3,2 milhões de anos.

Essa foi a reportagem de capa da National Geographic deste mês indicando o anúncio formal à sociedade científica feito em outubro do ano passado. Os fósseis foram encontrados 15 anos atrás por Tim White, paleoantropologista da Universidade da California e seus colegas Berthane Asfaw e Giday WoldeGabriel na região Afar Basin próxima ao rio Awash na Etiópia. Foi o resultado de muitos anos de trabalho e pesquisa e o que se encontrou foi surpreendente. O fóssil possui características humanas como bipedalismo e dentes pequenos, porém também características de símios como cérebro pequeno e dedão do pé afastado. Está sendo considerado como a conexão entre humanos e símios.

Nossa arvore genealógica indica que há 8 milhões de anos houve uma separação que deu origem ao gorila moderno, e há 6 a que deu origem aos chipanzés e bonobos. No caso da Ardi ela já estaria na nossa linhagem direta. Interessante como, à medida que os trabalhos da ciência progridem, cada vez fica mais evidente nossa evolução a partir de animais primitivos. Hoje não há como contestar a teoria da evolução das espécies, pois com tantas evidências ela já é uma teoria comprovada e, portanto, não está sujeita a que as pessoas acreditem nela ou não. Agora as pessoas se informam ou não; a teoria é um fato a ser aprendido.

Convido vocês a darem uma olhada na internet para obter mais detalhes, afinal todos têm interesse em conhecer nossos ancestrais, não é verdade?

Saturday, July 3, 2010

MEMÓRIA CONFIÁVEL?

Todos nós lembramos das coisas que nos chamaram a atenção. Às vezes coisas bobas ficam muito tempo na memória, ou por muito tempo, porém acontecimentos com intenso efeito emocional ficam para sempre, sejam eles bons ou ruins. Podemos afirmar que temos certeza de todos os detalhes que ficaram em nossa memória, pois se lembramos deles é porque esses detalhes são reais e realmente aconteceram.

Será?

Ensina-se na universidade de direito o cuidado que se deve tomar ao ouvir depoimentos de testemunhas. Por um lado a pessoa pode estar simplesmente mentindo, por outro, pode estar enganada. Esse segundo aspecto é o que mais preocupa. Uma testemunha honesta e confiável pode dar um testemunho diferente da realidade e isso porque o que ficou gravado em sua mente não foi a realidade como em uma foto ou filme, mas o que a pessoa acha que viu; o que impressionou os seus sentidos. A mente de uma pessoa guarda o aspecto, real ou imaginário, que mais impressionou no momento da ocorrência, e isso acontece com todos nós…

Um exemplo interessante está no filme My Cousin Vinny (Meu Primo Vinny), ótimo filme, muito engraçado, com o ator Joe Pesci. Nesse filme todas as testemunhas apresentam um depoimento diferente da realidade, pois elas ficaram impressionadas com um ou outro detalhe que, apesar de parecido com o que realmente ocorreu, na verdade não era o fato real, o que quase custou a condenação de dois jovens.

Se analisarmos todas as nossas memórias talvez possamos detectar erros ou possibilidades de erros – ou se estivermos convencidos da sua veracidade talvez não o possamos fazer. O cérebro não é um computador e o que fica na memória são impressões e não fatos. Ao presenciarmos um evento dramático, por exemplo, um acidente com morte ou um assassinato, cada um vai gravar na memória aquilo que mais lhe sensibilizou. Nessa hora podem-se confundir os detalhes do acidente e do ambiente a sua volta, ou a cor do assassino, seu aspecto e detalhes do crime. Há ainda um agravante. Com o passar do tempo ao remoer o acontecimento, nossa imaginação pode acrescentar detalhes que não existiam antes e depois começar a acreditar neles como se realmente tivessem existido.

Vocês já chegaram pela primeira vez a lugares onde tiveram a sensação de já terem estado lá antes? Isso ocorre porque a memória guardou sensações provocadas por lugares diferentes que por um acaso são as mesmas que esse novo lugar está provocando, e por isso parece que se está de volta a um mesmo lugar visitado no passado – ou em uma “vida anterior”.

Diz-se que, quando se inventa algo, se a pessoa passar muito tempo achando que essa invenção foi realidade, ela passa a ser considerada que não foi inventada, mas sim é realidade absoluta. Essa alteração de memória ocorre de maneira inconsciente e por isso a pessoa ao afirmar algo que não aconteceu estará falando a verdade, pois para ela é um fato realmente ocorrido.

Existe uma tendência em construir rostos e vozes. Ilusões óticas e sons inexistentes acabam fazendo parte de nossa memória e por vezes se interpõem a acontecimentos reais. O cérebro é mestre em simulações e confusões com experiências vividas apenas em sonhos. Podemos chamar de alucinações ou psicoses, porém sem o conhecimento da pessoa envolvida. Nesses casos acaba-se criando um modelo alternativo da realidade.

Vocês já ficaram de frente a uma foto de uma pessoa em tamanho natural onde nessa foto a pessoa olha diretamente para você? Quando você caminha ao redor da foto parece que os olhos na foto acompanham você… Esse é um bom exemplo de ilusão ótica criada pelo cérebro. Façam uma experiência, um dia em que saírem a passeio em grupo e acontecer algo extraordinário, ou se por acaso viram uma paisagem que chamou a atenção do grupo, ao chegarem em casa peçam que cada um de sua versão do que viu. Vocês vão comprovar que existirão detalhes conflitantes ao se comparar as impressões.

A conclusão que podemos tirar disso é que se não podemos confiar totalmente na nossa própria memória, temos que levar isso em conta ao avaliarmos o testemunho de terceiros, mesmo quando essas pessoas são honestas e confiáveis.