Thursday, June 3, 2010

Homossexualismo

Vocês têm amigos homossexuais? Gostariam de ter um? Aceitariam conviver com eles normalmente como com as outras pessoas, convidando-os para reuniões, festas, passeios, etc.? Eu já tive amigos assim e a experiência foi muito gratificante. Como vocês aceitariam um relacionamento homossexual de um filho ou filha?

A maioria das sociedades modernas não aceita o homossexual sem algum tipo de constrangimento; parte por causa de religiões intolerantes e parte pela rejeição de quem é diferente. Um amigo ou amiga homossexual pode ser uma pessoa dedicada e fiel. Naturalmente ninguém gosta de se relacionar com pessoas de comportamento exótico ou espalhafatoso, como “uma bicha louca” como se diz vulgarmente, porém essa não é uma característica de um homossexual “normal”. Podemos conviver com essas pessoas sem ofendê-las ou magoá-las sem razão? Vejam o meu post sobre preconceito...

Durante milênios e até os dias de hoje muita gente vem se perguntando qual o sentido da vida. Para que estamos vivos? Existe um objetivo para a nossa (e a dos outros animais) existência? O curioso é que a resposta a essa inquietude está à nossa volta. Eu costumo dizer que o peixe não vê a água, e mais uma vez isso se comprova. Desde a primeira forma de vida que surgiu há uns 2,5 bilhões de anos e todas as mutações que se seguiram, o único objetivo tem sido invariavelmente o da manutenção da existência da vida através da reprodução. Por causa disso a vida continua existindo e não deve desaparecer até que o Sol aumente de tamanho dentro de cinco bilhões de anos. Portanto, nós e todas as demais formas de vida, existimos para manter a vida existindo e para isso precisamos reproduzir. Com a reprodução a vida se mantém inalterada.

Não existe compulsão mais forte nos animais que o da reprodução. Mais do que a fome e preservação da própria vida. Nos mamíferos e mais especificamente nos humanos, as mutações criaram um prazer tão absoluto aliado ao processo da reprodução que a execução desse ato é irresistível. Para isso a atração ao sexo oposto é fundamental. Somente uma força muito forte seria capaz de fazer o homem voltar para a caverna depois de arriscar a vida em busca de alimento. As fêmeas lá estavam a sua espera e era preciso alimentá-las. É possível que tenham ocorrido algumas mutações onde a tendência homossexual era dominante, porém por motivos óbvios essas espécies simplesmente se extinguiram rapidamente. Como a tendência puramente homossexual é contrária à preservação da espécie, esse comportamento é inerentemente rejeitado. Dito isso temos agora outro componente muito importante nessa atitude: o prazer sexual puro e simples.

Durante milhares de anos as civilizações antigas consideraram o relacionamento homossexual com tolerância ou até com incentivo. Desde que não houvesse interrupção da natalidade, a relação homossexual como uma forma de se obter uma variação do prazer era perfeitamente normal. Algumas cidades-estado da Grécia antiga selecionavam pares homossexuais para lutarem lado a lado, o que os tornava ainda mais temíveis, pois um protegia o outro. O prazer sexual é muito bom e qualquer coisa que o promova é em principio muito bom também. No mundo moderno a única restrição é que, o que for feito seja de consentimento do par ou dos demais envolvidos no processo. No mundo antigo havia ainda a possibilidade de sexo forçado, como com os escravos, porém antes, como agora, o elemento motivador era o prazer.

O crescimento das religiões judaicas como o judaísmo, islamismo e cristianismo, principalmente esta última, criou a idéia absurda de culpa e necessidade de sacrifícios exigidos por um deus masculino e intolerante. Tudo o que provocava prazer passou a ser proibido e naturalmente o sexo, como sendo o melhor deles, o mais execrado. Devido ao seu apelo irresistível foi muito conveniente culpar a mulher pela indução do homem ao pecado, a começar pela desgraça ocorrida no paraíso. Desde então a mulher tem sido a grande vilã, prejudicando os “pobres homens” (hipócritas) desejosos de levar uma vida “pura” e livre de pecados. O homossexual foi o seguinte na lista de indesejáveis. Como não se pode passar sem mulher, mesmo sendo ela sempre condenada, os homens acharam conveniente expurgar apenas os homossexuais por serem estes minoria. Lésbicas então eram vítimas de dupla condenação: por serem mulheres e homossexuais.

Nas sociedades esclarecidas de hoje o sexo é um comportamento normal e suas variações em busca de prazeres diversificados, perfeitamente aceitável. Quem for a qualquer loja de sexo na Europa, em aeroportos e junto a outras lojas quaisquer nas cidades – que nesse terreno está anos luz de avanço em relação aos americanos – vai se surpreender com a quantidade de opções para se obter prazer e com o tipo de clientela – absolutamente normal – que as freqüenta.

Concluindo, eu não vejo problema algum em ter um relacionamento de amizade com homossexuais assim como com quaisquer outras pessoas cujo comportamento seja respeitoso e não violento em relação aos demais. As pessoas são diferentes e tem o direito de viver como desejarem desde que não interfiram negativamente nos demais. É um absurdo atacarem os homossexuais com palavras ou fisicamente apenas por serem “diferentes”; é o mesmo que brancos atacarem negros por serem de outra cor.

Eu cursei a universidade em uma pequena cidade no sul de Minas: Itajubá, e numa cidade dessas todos se conhecem. Naquela época havia uma moça lésbica com feições muito bonitas que costumava aparecer em festas populares e reuniões públicas com cabelo bem curtinho coberto por um chapéu preto, trajando colete, gravata e roupas de homem e que ainda por cima tentava falar grosso. Era uma pessoa que costumava ser maltratada pelos elementos medíocres da cidade. Uma vez eu estava cuidando de uma barraca de doces em uma festa junina e reparei a moça por perto, olhando muito para o meu lado. Sempre que eu a pilhava olhando ela mais do que depressa desviava os olhos e se afastava um pouco. Decidi sair de onde estava e ir de encontro a ela. Assustada, pensando que ia ser agredida, como era comum, ela tentou fugir, mas eu fui mais rápido e a segurei pelos ombros. Eu lhe disse: não se assuste eu conheço você; você é uma pessoa boa e merece respeito, você precisa de alguma coisa? Ela muito encabulada me disse que estava com fome e que gostaria muito de um docinho, mas não tinha dinheiro para pagar. Eu a tomei pela mão e nos dirigimos até a barraquinha. Lá eu preparei um prato de doces e a ofereci dizendo: aceite isso como um presente para que eu veja você sorrir. A menina então me olhou, sorriu e, com lágrimas nos olhos, me agradeceu tanto que eu nunca mais esqueci. Voltei para a barraca com o coração leve e, durante toda a noite, me senti muito feliz. Espero que ela tenha encontrado uma companheira como ela, tenha usufruído muito prazer e esteja vivendo intensamente feliz até hoje.

Shrek

9 comments:

Mary said...

Tenho um grande amigo gay, esse é bem discreto (existem várias categorias de homossexuais masculinos: urso, barbie etc ). Filhos homossexuais? Orientaria sobre prevenção contra DST, alertaria sobre preconceito da sociedade contra ele(a) e como nosso Ministro da Saúde recomendou: sexo.

Lucia said...

Eu nunca entendi esse tipo de preconceito. Nao entra mesmo na minha cabeca, pois afinal, a pessoa vai deixar de ser quem eh so por causa da sua inclinacao sexual? Ela continua sendo a mesmissima pessoa, entao pra mim, nao faz sentido.

Eu conheco e tenho amigos gays. O Luis mesmo eh uma das pessoas mais doces, queridas e prestativas que voce pode conhecer e sei que ja passou por preconceitos assim vindo ate mesmo de pessoas de sua familia que deveriam ama-lo pela pessoa que eh e nao suas escolhas.

Acho isso muito triste e completamente ignorante daqueles que se acham superior so porque sao religiosos. Te digo uma coisa: se eles tem essa ideia ridicula de que uma pessoa homosexual nao presta e que ela vai pro inferno quando morrer, eu nunca vi um Deus mais mau, egoista e preconceitoso!

E se fosse assim mesmo, pois voce sabe que sou ateia, nunca iria querer fazer parte de um grupo de pessoas que mesmo se dizendo religiosas, carregam odio e preconceito assim no coracao.

bjos

Lúcia Soares said...

Eduardo, eu conheço alguns.
Inclusive casados, tiveram filhos, e depois de alguns anos se decidiram e enfrentaram a sociedade.
Tive vizinhos com 2 casos na família, um filho e uma filha. Cresceram sem preconceito nenhum da família nem dos vizinhos. O rapaz mudou-se para os EUA e a moça ainda vive no mesmo bairro que minha mãe mora.
Nunca se disse homossexual, embora sempre nos apresentasse uma "amiga".
Quer dizer, ela mesma nunca se abriu conosco a respeito de sua condição.
Quanto a ter um filho homossexual, eu o aceitaria do mesmo jeito.
Como se pode menosprezar um filho? Simplesmente riscá-lo de nossas vidas ao saber?
Meu sofrimento seria pelo que ele pudesse passar, mas meu amor por ele seria o mesmo.
Abraços!

Beth/Lilás said...

Nossa, preconceito sobre a orientação sexual de uma pessoa é algo abominável hoje em dia!
Também não consigo entender pessoas que não enxergam mais do que isto na outra, pois todos temos o lado bom e mau contidos em nós mesmos e isso independente de raça, cor e sexo.
Os homossexuais que já conheci na vida, são todos pessoas do bem, muito dignas, trabalhadores(as)e carinhosos, principalmente com seus pais, coisa que admiro demais num ser humano.
bom assunto e bjs cariocas

Glorinha L de Lion said...

Oi Eduardo, eu não tenho preconceito algum, tive vários amigos homo e meu cabeleireiro é gay e me dou super bem com ele...se tivesse um filho ou filha assim, acho que já saberia desde pequeno, acho que toda mãe sabe quando um filho é gay...e aceitaria numa boa, e quanto a netos, que adotassem... o que faz o amor é criar, cuidar, não é parir nem gerar...Sou contra qq tipo de preconceito e acho inclusive que isso aos poucos está melhorando bastante aqui no Brasil.E espero que um dia todos se aceitem e sejam aceitos como seres humanos que são, independente da opção sexual de cada um.
Um abraço.

Eduardo said...

Eh reconfortante comprovar que todas voces tem a mente aberta e se preocupam com as outras pessoas, mesmo se sao diferentes. Agradeco a participacao de voces.
Um abraco

Fernando Valente said...

Concordo totalmente com esse texto. Eu bem que queria ter um amigo gay/amiga lésbica, mas pra falar a verdade, só conheci um gay até hoje(devo ter conhecido outros que n ão são assumidos). Também não me importaria de ter um filho gay/filha lesbica.

Essa ignorancia toda desses religiosos não é entendível. Tudo isso porque os porras dos priests querem ganhar dinheiro. O cara mais preconceituso que eu conheço é um mormon. Ler o blog dele doi na alma de tanta ignorancia que você lê.

“Época triste essa nossa em que é mais difícil quebrar um preconceito do que um átomo.", Albert Einstein

Eduardo said...

Fernando, nao existe mal maior que prejudique tanto o ser humano do que a persistencia na ignorancia.
obrigado

Anonymous said...

Em pleno 2010 preconceito contra homossexuais ainda consegue ser assunto polêmico.
Entendo que quem acredite no Deus que tu mencionou tenha preconceito. Se fossem só esses, então o preconceito estaria com os dias contados, o problema é que eles talvez sejam minoria!
Respondendo à pergunta inicial, o irmão da minha melhor amiga é homossexual, assim como muitos colegas do meu curso de arquitetura. O interessante é que quanto mais colegas assumem sua homessexualidade, menos existe preconceito dentro da faculdade.
A meu ver precisamos que mais deles "saiam do armário", precisamos que isso seja cada vez mais comum no nosso dia-a-dia e mais debatido. Se precisa mostrar que aquele vizinho simpático ou aquela profissional competente são homossexuais e que isso não influencia negativamente em nada as nossas vidas.
Ótimo post mais uma vez.
Tenham um bom final de semana!