Sunday, June 26, 2011

Vida e morte: e depois?

























Outro dia, assistindo a um filme sobre migracoes de animais, apareceu um senhor que ha 18 anos pesquisa as borboletas Monarch. Vejam que nao sao todas as borboletas, mas apenas as Monarch que migram do Mexico aos USA e voltam em tres geracoes! Ele sabe tudo sobre essas borboletas e todos esses anos de pesquisa, naturalmente trouxeram um conhecimento enorme sobre elas.
Como ele existem milhares de cientistas no mundo dedicando-se a estudar cada aspecto do conhecimento humano: animais, plantas, o planeta, o universo, a composicao dos elementos, o comportamento dos humanos, a fisica, quimica, matematica, historia, etc, etc. Com os recursos que existem hoje e todo esse esforco e dedicacao, nunca a ciencia acumulou tanto conhecimento quanto nestes ultimos 60 anos. O que era supersticao, crenca e ignorancia, hoje ou ja existe comprovacao da realidade ou ha hipoteses em estudo para confirmar sua validade.

O estudo do cerebro humano descobriu a origem de nossas emocoes, reacoes, imaginacao e sonhos, bem como o processo de criacao de amigos imaginarios pelas criancas e de almas e deuses na adolescencia e idade adulta. Um livro interessante que informa como esse processo ocorre eh o “Why we believe in god(s)?” de Andy Thompson.
A morte em si nao assusta porque eh um acontecimento normal, porem a ideia de que nos podemos desaparecer da existencia nesse processo tem sido um grande motivador da criacao de religioes e deuses, que tentam garantir que isso nao ira acontecer. Infelizmente sonhos e desejos nao alteram a realidade das coisas, e se comecarmos a questionar as crencas, veremos que elas nao se sustentam por total falta de evidencia. Resta se informar acerca do que a ciencia sabe hoje, levando-se em conta que apesar de todo o progresso ainda ha muita coisa a ser estudada e entendida. Prefiro nao confundir ninguem com suposicoes, assim vou abordar o que se sabe e nao o que se acha.

Vimos que a vida eh uma continuidade dos genes e as formas de vida sao os veiculos para a continuidade desses genes. Como ficamos nos, os veiculos, nesse processo?
O “eu” ou alma, sendo uma reacao do cerebro, quando este deixa de funcionar, tambem desaparece… O problema eh que se busca uma solucao “humana” para essa questao. Busca-se uma alma que seria um “humano” em outra dimensao, com bracos, pernas, cabeca, emocoes etc. Deve-se deixar de lado esse pradigma e buscar em areas mais concretas porem bem diferentes.



Sabemos que o atomo nao eh mais um conjunto de eletrons, protons e neutrons. Os protons e neutrons nao existem e sim um conglomerado de “particulas” chamadas de quarks, muons, pions, bosons, etc. Essas “particulas” nao sao particulas mas sim formas diferentes de energia. Portanto tudo no nosso universo se resume em diferentes formas de energia. Nos somos compostos dessas formas de energia. Quando o corpo no formato atual se decompoe, as formas de energia nao sao eliminadas mas rearranjadas em outros sistemas, juntamente com outras formas de energia, como calor, luz, etc. E assim eh com tudo e todos desde a origem do nosso universo. Continuaremos por ai no formato original de antes do nascimento porem rearranjado, mas sem a consciencia humana, e sim sob formas de energia em geral. Resta saber se a evolucao de animais mais sofisticados como o ser humano e outros que estao mais proximos tambem gerou uma combinacao de energia que resultou no fenomeno cerebral chamado consciencia e emocoes complexas, e quais os desdobramentos disso.


Agora minha opiniao: o mais certo eh que desapareceremos como individuos e continuaremos como diversas formas de energia em outros sistemas. Se existem outras formas de energia ainda desconhecidas, muito provavelmente nao estarao ligadas a individualidade dos animais mas a outras coisas muito diferentes. Ate que se saiba mais a respeito, o que devemos fazer eh viver o melhor possivel nossa unica realidade. Preocupacoes com vida apos a morte, viver sob constante medo de punicoes divinas, pecados e outras bobagens somente destroem a alegria de viver e voces hao de convir que desperdicar a vida eh um tremendo absurdo.

Monday, June 20, 2011

VIDA E MORTE: ALMA ?


Era uma vez… por volta de 6 milhoes de anos atras, ocorreu uma mutacao significativa na familia dos primatas; mutacao que iria dar origem a uma nova especie. Mutacoes como essa ocorrem de tempos em tempos desde a origem da vida, e sao responsaveis pela diversidade das especies no planeta. Nao se sabe qual dos dois grupos que resultou dessa mutacao; o que se sabe eh que a partir dai dois grupos distintos, o que gerou os chipanzes e o que gerou os humanoides, passaram a coexistir. Mutacoes menores continuaram a ocorrer gerando subspecies, a maioria extinta hoje, e por fim chegamos ao ser humano de um lado, e aos chipanzes e bonobos de outro. Esse animal humano, porem, iria transformar o mundo.

Em algum momento nos ultimos um milhao de anos, de maneira gradual, mas acelerada, o humanoide percebeu a sua existencia! E descobriu o medo e a angustia de deixar de existir.
A percepcao da propria existencia amplificou ao extremo a prioridade com si proprio em relacao ao ambiente exterior. Dai em diante tudo passou a ser dividido em duas partes bem distintas. A maior parte de tudo eh o “eu”, a individualidade e tudo o que diz respeito a propria pessoa; a outra parte, muito menor e de pouca importancia sao os outros (animais e plantas), o planeta e todo o universo. Tudo a volta passou a ser secundario pois tudo eh visto e sentido de dentro do seu corpo, para fora, pelos seus sentidos. O humanoide passou a achar que ele estava preso dentro do seu corpo e cercado pelos outros e pelo proprio universo. Ele passou a ter a sensacao do “eu”. Agora era o “eu” versus o resto.

Com o passar do tempo, o humanoide se transformou em humano e com a complexidade de seu cerebro a sensacao do “eu” ganhou um novo nome: “alma” – ou outros nomes com o mesmo significado. Recusando-se a admitir que essa alma – o proprio “eu”- poderia morrer, o humano criou as religioes que apesar de nunca provarem nada pelo menos criam a ilusao de que a alma vai para algum lugar depois da morte e assim criaram deuses e definiram as regras em como apaziguar esses deuses para que nao atrapalhem a jornada da alma para um lugar melhor. Essa preocupacao eh tao grande que impede a maioria das pessoas em enfrentar a realidade do que se sabe atualmente acerca da vida e da morte. Melhor o conforto em acreditar que o Papai Noel trara o presente no natal do que o incomodo e despeza de ter de ir a uma loja comprar o presente.
Nao eh minha intencao aqui criticar religioes e pessoas, apenas confirmar um fato e abordar o que se sabe hoje.

O que eh a alma?
O estudo do cerebro humano tem descoberto coisas fascinantes, principalmente na area do comportamento emocional, intuicao e pensamento abstrato. Chega-se a conclusao de que a sensacao do “eu” eh uma das criacoes do cerebro, de certa forma ligado ao principio da auto preservacao. Lamentavelmente para os que alimentam a esperanca de continuar vivendo depois da morte, o “eu”, ou alma ira ter o mesmo destino que o cerebro quando morrer. Confesso que eh uma conclusao dificil de aceitar, entao tudo o que somos e conseguimos adquirir ao longo da vida estara perdido? Voltaremos a situacao do antes de nascer, a nao existencia? Nosso cerebro recusa-se a admitir isso e simplesmente descarta a realidade desgradavel; no intimo mantem uma esperanca de que afinal Papai Noel chegara no ultimo instante.

Para que vivemos, qual o sentido da vida? A vida nao tem sentido para os individuos; ela significa sim uma continuidade para os genes. A vida tem sentido para os genes e como sabemos eles continuam existindo, sendo mantidos assim pelas diversas especies deste planeta cuja funcao eh se reproduzirem. Os individuos sao os veiculos e sao descartados. Isso nao tira a grande importancia dos veiculos pois sem eles a vida ja teria se extinguido no planeta, porem apresenta uma perspectiva inteiramente diferente da relatividade das coisas. Ate final do seculo 19 os humanos viam a si proprios como o centro do universo, tudo tendo sido criado em funcao deles. Eh um choque quando somos colocados frente a frente a nossa verdadeira perspectiva.
Conclusao: a alma eh uma criacao do cerebro e ela existe enquanto o cerebro esta funcionando… Como disse Rene Descartes: Cogito ergo sum; penso, logo existo! (mas ao deixar de pensar, deixarei de existir…).

Como sera a sensacao da nao existencia? Certamente nenhuma! Alguem se lembra como era antes de existir? (Nao vale recorrer ao espiritismo ou outras crencas similares)
Entao o que acontece quando morremos? Vou abordar o que ocorre conforme o que a ciencia ja descobriu e comprovou ate o momento no proximo post. No que se refere a crencas e ideias impossiveis de serem comprovadas, isso deixo a criterio de cada um.

Friday, June 10, 2011

A Vida

Em seu Blog “Mae Gaia”, nossa querida Beth/Lilas apresentou o post do dia 7 de Julho entitulado “Para Carina, com carinho”. Um lindo post sobre a vida com videos muito bonitos. Como de costume, os posts da Beth sao para se ler e se deliciar, e esse eh mais um que confirma a regra; bonito, poetico e profundo.
Nesse post aborda-se a vida e esse eh um tema que me fascina, dai ter ficado motivado a tecer alguns comentarios a respeito.
No seu post a Beth menciona:

A excelente escritora e jornalista Adília Belotti, ilustra em um de seus textos o seguinte:

"Perguntaram para um pastor, para um padre e para um rabino quando a vida começa. O padre imediatamente disse: “No instante da concepção”. O pastor, coçou a cabeça e respondeu: “No momento em que se nasce”. O rabino então virou-se e falou: “A vida começa quando os filhos saem de casa e o cachorro morre…”

Muito verdadeiro, afinal filhos dao muito trabalho, nao eh? Mas valem muito a pena. Tirando o aspecto engracado dessa piada, ela apresenta o lado filosofico preocupante de como muitas pessoas buscam informacao nos lugares mais improvaveis.
Nao eh razoavel fazer a pergunta de quando a vida comeca a religiosos, pois essa pergunta eh area da biologia que nao tem nada a ver com religiao. Os religiosos podem responder com pleno conhecimento de causa a temas da religiao que pregam, porem quase nada acerca de temas cientificos e historicos porque sao temas totalmente dissociados da religiao, a menos que eles sejam tambem especialistas nesses campos.

Para se responder a pergunta de quando a vida comeca eh preciso definir o que eh a vida. Se definimos que uma vida eh quando um novo animal ou planta comeca a se desenvolver, entao o inicio eh o momento do surgimento da primeira celula capaz de produzir esse ser especifico, completo e unico – simples como uma bacteria ou complexo como um humano – depois de um certo tempo.

A vida porem nao eh apenas isso. A vida de um organismo, pode ser definida como a capacidade de sobreviver por um tempo suficiente para se reproduzir. Para haver continuidade de reproducao a vida tambem precisa ter continuidade. As celulas utilizadas no processo de reproducao sao celulas vivas. O organismo, as celulas utilizadas na reproducao e o(s) organismo(s) resultante(s) possue(m) formas de vida comum: os genes. Nessas condicoes, a vida comecou neste planeta em algum momento no periodo pre-cambriano por volta de 3,5 a 3 bilhoes da anos atras. Depois de seu surgimento a vida nao mais se extinguiu, porque os genes continuaram a existir, perpetuando-se de um organismo a outro.

Os primeiros seres com vida assume-se que foram moleculas organicas que deram origem ao que chamamos de genes. Esses genes acabaram por formar envolucros para sua protecao, chamadas celulas. Para simplificacao nao vou abordar as formas de vida tipo virus que nao possuem celulas mas vivem e se reproduzem a partir de celulas hospedeiras.

Como surgiram os genes? Chamamos de “replicators” ou replicadores essas primeiras moleculas que fazem uma copia de si mesmas. As copias sao moleculas que se arranjam para reproduzir o replicador original. Como esse rearranjo nao eh necessariamente exato, com o tempo ocorrem variacoes que dao origem a outros organismos e assim chega-se a complexidade e diversidade das formas de vida de hoje. O replicador eh chamado de gen. Os genes ficam abrigados nas moleculas organicas ou celulas. Com o passar do tempo ocorreram associacoes de celulas gerando organismos mais complexos abrigando entao varios genes. A continuidade da vida desses genes depende da sobrevivencia do veiculo que os carregam: organismos mais e menos complexos, dependendo das suas condicoes de sobrevivencia o tempo suficiente para se reproduzirem e manterem a continuidade dos genes.

A conclusao disso tudo, apresentado de maneira muito simplificada eh a seguinte. As diferentes formas de vida se reproduzem e dao surgimento a especies novas a partir de um processo de continuidade onde a vida em si nao cessa, mas se propaga de um organismo (veiculo) a outro por meio de “celulas” vivas contendo genes. Os veiculos morrem porem os genes nao.

Nos, os humanos, e todos os animais e plantas morremos, porem a vida – os genes - nao morre; ela continuara ate que cesse toda e qualquer possibilidade de vida no planeta. Com a vaidade que nos eh peculiar costumamos pensar que nos somos a vida e que a vida eh a nossa vida. Quando morremos acaba a vida, porem em ultima analise somos apenas o veiculo de propagacao dos genes. Eles sao imortais; nos somos descartaveis! Nos possuimos a vida por um periodo, depois passamos adiante. A vida eh o gen.

Voces conhecem a questao de quem surgiu primeiro; o ovo ou a galinha? A resposta eh muito facil: a galinha eh a forma que o ovo encontrou de produzir outro ovo.



A seguir ilustracao de um gen no nosso DNA e a proporcao de alguns dos mais de 30 mil genes do nosso DNA.